Saneouro promete nova realidade no saneamento básico de Ouro Preto

Município foi pioneiro e ficou para trás no tratamento de esgoto

Epar Osso de Boi colocará município de volta ao mapa do saneamento básico com obras que terão investimentos de R$ 40 milhões.
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Ouro Preto já teve a primeira Estação de Tratamento de Esgoto da América Latina.

Agora está prestes a voltar ao mapa do saneamento básico completo e de qualidade.
Depois de dois anos de solicitação, a Saneouro recebeu, na última segunda-feira, 26, o licenciamento junto à Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram-MG) para iniciar as obras de construção da Estação de Produção de Água de Reúso (Epar) Osso de Boi.
“A estação vai mudar a realidade de milhares de famílias ouro-pretanas e temos muito orgulho de dizer que esta cidade, que é patrimônio da humanidade, finalmente terá tratamento de esgoto”, comemora o superintendente da Saneouro, Evaristo Bellini.
A EPAR Osso de Boi vai tratar 100% do esgoto coletado na sede de Ouro Preto, o que equivale a 40% do esgoto de todo o município.
As obras têm previsão de duração de 18 meses, incluindo contratação de empresas para seu início, construção e implantação.
Os investimentos previstos na estação e na construção de redes e estações elevatórias são de R$ 40 milhões.
A Saneouro protocolou pedido de licenciamento ambiental junto à Supram-MG em dezembro de 2021.
Em maio de 2022, os primeiros equipamentos para a Epar chegaram a Ouro Preto.
Já foram comprados tanques, tubulações, conexões, suportes, difusores de ar, bombas diafragmas e comportas que vão integrar o sistema hidromecânico da unidade.

Diferença entre uma ETE e uma EPAR


Tradicionalmente, os esgotos são tratados nas chamadas Estações de Tratamento de Esgoto.
Elas recebem os efluentes e os purificam, devolvendo água limpa aos leitos de rios e ribeirões.
A devolução da água aos rios deve obedecer a critérios técnicos específicos.

Assim, o resultado do tratamento, para a natureza, é a revitalização dos cursos d´água.

Eles deixam de ser poluídos e voltam a ser habitados por peixes, por exemplo.
Com as crescentes crises hídricas em todo o planeta e a realidade que a água é um recurso que tem fim, torna-se cada vez mais comum o investimento na construção de Estação Produtora de Água de Reúso.
Nestas estações, são implementadas tecnologias no tratamento dos efluentes (esgoto) cujo resultado é uma água com índice de pureza suficiente para torná-la própria para o consumo em atividades tais como limpeza de solos e estradas, irrigação e utilização industrial.
“Não é uma água potável, mas uma água que pode ser utilizada em outras funções, beneficiando o que chamamos de economia circular. Ou seja, permite o aproveitamento em outras funções e, dessa maneira, contribui para que o recurso não se esgote”, explica Evaristo Bellini.

Obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Osso de Boi, às margens da Rodovia do Contorno em Ouro Preto foram interditadas devido a falta de licenciamento por mais de uma década. Finalmente serão retomados após liberação da Superintendência Regional de Meio Ambiente (SUPRAM-MG)


O volume que não for destinado a reúso em estações deste tipo é devolvido a rios e ribeirões, dentro das especificações técnicas que garantem a revitalização de tais cursos d´água.
No caso da Epar Osso de Boi, a água será devolvida ao Ribeirão Funil.

Esgotamento sanitário em Ouro Preto


Atualmente, a Saneouro opera uma Estação de Tratamento de Esgoto, localizada no distrito de São Bartolomeu.
Com isso, o índice de esgoto tratado, diante do que é coletado no município, é de 0,67%.
Segundo Evaristo Bellini, a Saneouro já tem estudos avançados sobre as melhores tecnologias e soluções para o tratamento nos outros 11 distritos ouro-pretanos.

“Em Cachoeira do Campo, o projeto está bastante avançado”, diz.
Ele enfatiza que trazer o tratamento de esgoto é oferecer mais qualidade de vida e saúde à população.
Também ressalta que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada R$ 1,00 investido em saneamento básico, economiza-se R$ 9,00 em saúde pública.
Isso porque o saneamento adequado diminui o número de doenças de veiculação hídrica, ou seja, aquelas disseminadas pela água (disenteria, diarreia, viroses, cólera, leptospirose, esquistossomose, hepatite A e febre tifóide, entre outras) e, por consequência, diminui o número de internações hospitalares e consultas médicas acarretadas por essas doenças.
“Iniciamos nossa atuação em Ouro Preto em 2020, é uma concessão de 35 anos de duração e temos muita alegria em afirmar que vamos mudar o panorama do saneamento na cidade e, por consequência, o dia a dia dos moradores”, afirma.

Pioneirismo


Dados históricos apontam que Ouro Preto teve o primeiro sistema de tratamento de esgotos da América Latina, construído no século XIX.
Os tanques de desinfecção ainda encontram-se na região da Barra, ao fim do Beco da Mãe Chica, porém estão desativados.

Foto: Divulgação e arquivo Mundo dos Inconfidentes

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