A chegada das férias escolares gera um tempo maior, dos estudantes, em casa, que pode ser preenchido de várias formas. Em muitos casos, para conseguir dar conta dos afazeres, os adultos acabam permitindo que os pequenos e os maiorzinhos fiquem muito tempo em frente às telas, sejam de celulares, computadores, tablets ou televisão.
Sobre o assunto, a SBP, Sociedade Brasileira de Pediatria, já havia publicado o manual de orientações “Menos telas, mais saúde”. Segundo o documento, muitas pesquisas mostram os riscos para o desenvolvimento de transtornos de saúde mental e problemas no comportamento de crianças e adolescentes, com a exposição excessiva às telas.
Essas consequências, inclusive, foram incluídas na CID-11, Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Segundo a sociedade de pediatria, foi inserido o uso abusivo de jogos eletrônicos na seção de transtornos que podem causar vício. Em outras palavras, a dependência dessa prática passa a ser entendida como doença.
A psicóloga, Daniela Araújo, que é Coordenadora do Núcleo Infanto-juvenil de uma clínica de saúde mental, explica que, em muitos casos, a dependência eletrônica esconde outras questões, como faltas emocionais. Segundo ela, nem sempre pode ser considerado doença, porque depende do histórico e do contexto de cada criança.
O documento da Sociedade Brasileira de Pediatria mostra também que essas mídias preenchem espaços de ócio, tédio, abandono afetivo ou pais “ultraocupados” com os próprios celulares. Isso afeta o sono, a alimentação, gera ansiedade, irritabilidade e depressão, além de transtornos do déficit de atenção e hiperatividade. Resulta ainda em sedentarismo, riscos ligados à sexualidade ou abusos sexuais; indução ao suicídio e até problemas com visão, audição e postura.
Daniela Araújo diz que, no entanto, os aparelhos eletrônicos não devem ser tratados como vilões, já que fazem parte da vida real e podem ser utilizados de forma proveitosa.
Dados levantados pela SBP mostram que 86% das crianças e adolescentes brasileiros, entre 9 e 17 anos, estão conectados à internet. Um em cada quatro assumiu não conseguir controlar o tempo de uso, mesmo tentando.
Entre as alternativas para evitar excessos estão as atividades esportivas, exercícios ao ar livre e o contato direito com a natureza. Outras dicas, são estabelecer regras para o uso de equipamentos e aplicativos, além de conhecer o que crianças e adolescentes acessam e jogam, além de estabelecer um momento familiar desconectado da internet.
Foto: Tomaz Silva/Abr