Finalmente veio o dia perfeito para a Argentina, depois de tantos vices, Messi levantou sua primeira Copa
“Hoy es el día perfecto
Todos hablan de esto…”
A espera de toda uma geração argentina terminou com o apito final na noite de 10 de julho de 2021 no Maracanã. A Albiceleste não era a favorita, mas compensou com o coração na ponta da chuteira e brigando por cada centímetro do campo. Há sete anos, a Argentina perdia por 1 a 0 a Copa do Mundo para a Alemanha. Desta vez foi diferente, o 1 a 0 foi a favor.
A jogada da primeira glória argentina do século começa na intermediária defensiva com Rodrigo De Paul. O racinguista nascido em Sarandí lançou Ángel ‘Fideo’ Di María às costas de Renan Lodi. O lateral brasileiro errou o domínio e o rosarino saiu de frente para Éderson. Um toque por cima para fazer o gol mais gritado em 28 anos na Argentina.
A partida não acabou aí, o gol saiu aos 21 minutos. O restante do jogo foi de luta, raça e coração. Com uma defesa não tão confiável, a Argentina se superou e quando sofreu, Emiliano ‘Dibu’ Martínez salvou. Outra vez, o impedimento evitou o tento de empate. Os dois destaques da partida já foram citados. De Paul fez um impecable jogo. Di María, assim como nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, foi categórico para cobrir o goleiro.
E Lionel Messi? Bom, La Pulga não brilhou na final. Muito bem marcado pelo Brasil, apareceu pouco com a bola nos pés. Mas sem la pelota jogou como nunca. Messi correu por cada bola, marcou, fechou espaços, catimbou, ganhou tempo, reclamou. Esta Copa América nos rendeu o mais argentino dos Messis. Foram quatro gols (artilheiro junto ao colombiano Luis Díaz) e o máximo assistente com cinco passes.
E Diego Maradona? Foi a primeira Copa com Dios no céu. Diego, que se foi em novembro de 2020, deixou um grande ensinamento que podemos trazer para a Seleção Argentina. A vida de Maradona era de idas e vindas, mortes e ressurreições, glórias e desgraças. Messi viveu tudo isso na Albiceleste. Foram inúmeras finais perdidas por detalhes, uma bola que insiste quicar para fora, um penal isolado, uma falta não marcada, um erro com gol vazio…
Ninguém consegue explicar como uma gigante com a Argentina ficou tanto tempo sem ganhar algo. Parecia que a consagração não chegaria. Mas veio. Da última conquista, o plantel portenho disputou 19 campeonatos (10 Copas América, sete Copas do Mundo e duas Copa das Confederações) e não ganhou nenhum.
Na desorganizada Copa América, com gramados ruins, estádios arrumados às pressas e com um duvidoso sistema de disputa, La Celeste y Blanca pariu um Maracanazo para chamar de seu. O possível triunfo virou realidade. E detalhe, foi a primeira vez que o Brasil perdeu esta competição sendo país-sede. Inédito.
45 milhões de argentinos e outros tantos torcedores espalhados pelo mundo gritaram de alívio ao sopro final do uruguaio Esteban Ostojich. Um desses malucos até acordou os vizinhos enquanto viva seu desvaneio de loucura, uma amostra grátis de êxtase. Era o grito de “¡Libertad, Libertad, Libertad!”. A Argentina tentou outra vez, foi sincera e sacudiu o mundo (ou somente a América). Sofremos por mil noches para a glória eterna vir.
Messi, que tinha um peso de uma carreta bitrem nas costas, desabou no final. “Deus estava guardando esse momento para mim”, disse. O resto do time veio o abraçar e glorificá-lo. Jogaram pela Argentina, jogaram por Messi. Foi um dia perfeito, uma noite inesquecível, terminado com a 15ª Copa América.
¡Gracias, Dios, por estas lágrimas, por este Argentina 1, Brasil 0, por la Copa!