Após mais de 20 anos de espera, 63 famílias dos bairros 1° de Maio, Monte Sagrado e Corumbiara de Vanessa receberam as escrituras dos seus terrenos, conforme a Lei Municipal 2056/2013, que regulariza a situação de áreas públicas destinadas à moradia popular em João Monlevade.
Entre os meses de abril e junho, o prefeito da cidade Dr. Laércio Ribeiro (PT), assinou as escrituras dando a titularidade para esse grupo de famílias, que em sua quase totalidade é chefiada por mulheres. O recurso para a regularização proveniente de um repasse da Câmara de Vereadores no valor de R$100 mil. Ao total são 837 famílias cadastradas no setor de Habitação do município para receberem as escrituras de seus terrenos.
Dr. Laércio Ribeiro explicou que este é um compromisso firmado com o Movimento e com as famílias que há anos lutam por moradia no município. “As escrituras trazem mais dignidade a todas essas pessoas e este é o compromisso social do nosso governo”, comenta o chefe do Executivo.
Para o presidente do Movimento Moradia Popular, José Lino Tavares, esse é um grande ganho para os beneficiados. “A luta do Movimento sempre foi árdua. É com grande alegria que hoje podemos levar o sorriso para essas pessoas que estão com suas escrituras em mãos, sendo donas de seus terrenos”, explica.
O chefe do setor de Habitação da Prefeitura e antigo líder do Movimento, Antônio Batista “Contrapino” Miranda, explica que tem sido uma grande satisfação participar dessa conquista depois de tanto tempo de luta. Ele comentou que para concretizar esse sonho, o Movimento contou com o apoio de entidades sociais e comerciais, movimento sindical, voluntários e representantes das paróquias da cidade. “É gratificante participar das conquistas dessas famílias e pra mim, sempre valerá a pena estar junto deles”, disse.
Primeira casa do Movimento
A primeira casa construída pelo Movimento de Moradia Popular em João Monlevade foi a residência da aposentada Glória Maria Fernandes, 70. Ela conta que a casa em que mora foi construída com a ajuda de todos os amigos do Movimento dos Sem Casa – hoje, Movimento por Moradia Popular.
“Era pior quando chovia e eu deixava os meninos sozinhos para trabalhar. Não tinha outro jeito. Foi muito difícil. Meu maior sonho era ter um teto e com a ajuda de muitas mãos consegui”, recorda dona Glória.
Padre Luciano Andreol e o apoio ao Movimento
Italiano de nascimento e cidadão honorário de João Monlevade, o Padre Luciano Andreol esteve no município entre 1993 e 2005. Ele era um dos missionários que atuava bastante dentro do Movimento dos Sem Casa.
O sacerdote conta que um dos primeiros encontros com o Movimento foi durante a Campanha da Fraternidade de 1993, que discutia a moradia. “Todas as comunidades foram convocadas saindo da igrejinha do Cruzeiro Celeste até o bairro Estrela D’Alva. Cada participante carregava um tijolo e com eles foi construída a primeira moradia dos Sem Casas, em mutirão”, explica.
Ele conta que os anos em que esteve próximo ao Movimento teve a oportunidade de conhecer mais de perto a realidade de tantas famílias. “Sofri bastante com muitas delas. Não faltou violência, mas acredito que as bênçãos de Deus foram muito abundantes”, comentou o padre Luciano.