Tartarugas marinhas serão monitoradas em larga escala, via satélite, no litoral capixaba

Com os transmissores, ocorrerá mapeamento de rotas migratórias, identificação de áreas de alimentação e avaliação de possíveis mudanças de comportamento reprodutivo.
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O monitoramento de tartarugas marinhas, realizado desde 2017 pela Fundação Renova em parceria com a Fundação Pró-Tamar, agora conta com transmissores via satélite. Os equipamentos estão sendo colocados, inicialmente, em 10 fêmeas da espécie cabeçuda (Caretta caretta), em Regência, município de Linhares (ES). Com os transmissores, ocorrerá mapeamento de rotas migratórias, identificação de áreas de alimentação e avaliação de possíveis mudanças de comportamento reprodutivo. A iniciativa integra as ações de acompanhamento da biodiversidade aquática em áreas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.

“As tartarugas fazem desova a cada dois anos no litoral. Mas não sabemos onde elas vivem quando não estão no período de desova. Com os transmissores, vamos entender melhor o uso que elas fazem das áreas de desova, facilitando a gestão de ameaças, e conhecer as áreas de alimentação, que é onde elas passam a maior parte de suas vidas. Com isso, vamos trazer uma luz que ainda não temos sobre esses animais”, destaca o coordenador e pesquisador do Projeto Tamar, Alex Santos.


Sob ameaça de extinção, a tartaruga cabeçuda é a espécie com a maior quantidade de desovas no litoral do Espírito Santo (cerca de 90% das desovas no estado são dessa espécie). A desova, que ocorre entre setembro a março, é considerada um dos mais importantes parâmetros para avaliar as condições da biodiversidade na região.

A Fundação Pró-Tamar realiza o monitoramento das tartarugas há 35 anos – e, desde 2017, conta com a parceria da Fundação Renova. O monitoramento é realizado durante todo o ano e reforçado no período de desova. Agora, com o uso dos transmissores, será possível realizar a coleta de dados até então desconhecidos, como tempo e profundidade dos mergulhos e posicionamento geográfico das tartarugas. Os transmissores são fixados no casco à noite e não causam danos ao animal.


De acordo com Laila Medeiros, especialista dos programas de Biodiversidade da Fundação Renova, o trabalho utiliza tecnologia avançada para mapear o comportamento destes animais. Os dados servirão de base para ações de preservação da espécie com informações importantes para apoiar outros trabalho de conservação e pesquisa das tartarugas marinhas.


A Fundação Pró-Tamar já realiza monitoramento das tartarugas por via satélite, mas essa é a primeira vez que é realizado um trabalho nessa escala com a espécie cabeçuda. Cerca de R$ 1,4 milhão serão desembolsados, ao todo, para a aquisição e instalação dos equipamentos (fabricados especialmente para este projeto nos Estados Unidos), treinamentos e contratação de profissionais. Os transmissores têm autonomia para operar por até 500 dias. A previsão é que os primeiros resultados sejam conhecidos em 2021.

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