Um possível Maracanazo

(Divulgação/Copa América)
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Querendo o primeiro título do século, a Argentina buscará um triunfo para chamar de seu na final da Copa América

O Estádio Jornalista Mário Filho – o Maracanã – é um dos grandes templos do futebol mundial. O estádio que já foi o maior do mundo para 200 mil torcedores hoje pode ter no máximo 78 mil. Neste sábado, às 21 horas, para Brasil e Argentina, terá pouco mais de 5 mil presentes por conta da pandemia de coronavírus.

A partida final será a única sediada no estádio em toda a desorganizada Copa América. O Maraca foi preparado para este jogo, como se todos os outros campos fossem o começo da caminhada numa avenida cheia de espetáculos. É o teatro único para uma final única. Essa é a primeira vez que argentinos e brasileiros se enfrentam numa final dentro do Maracanã em 71 anos.

A obsessão argentina pela primeira conquista do século se justifica por vários fatores. O primeiro, mais óbvio, é quebrar o jejum de 28 anos desde a última Copa América vencida lá em 1993. A segunda é recompensar uma geração que jogou como nunca, mas perdeu como sempre. Só na década passada, a Albiceleste foi três vezes vice em sequência, empatando no tempo normal e saindo perdedora na prorrogação (Copa do Mundo de 2014) ou nos penais (Copas América de 2015 e 2016). O nome máximo, que carrega a 10 e a faixa, é Lionel Messi.

Para Messi, é provável que seja a última Copa América. Falando de outro modo, a final deste sábado conceitua-se como a ÚLTIMA POSSIBILIDADE de título para Argentina com La Pulga. Pelo andar dos acontecimentos, sair campeão no Catar em 2022 é impossível.

A inspiração para o mais argentino dos Messis vem do vizinho do Rio da Prata, o Uruguai. Há 71 anos, numa tarde final de Copa do Mundo no Maracanã, La Celeste ganhou o improvável título mundial. Foi o seu quarto na história. Assim como o estádio foi construído para abrigar a primeira Copa brasileira, ele agora foi preparado para outra decisão.

Ao que se indica, este Brasil de Tite, que jogou um futebol ‘protocolar’ em todo a competição – especialmente no mata-mata – vai só para carimbar uma vitória ante a Argentina. Do lado portenho, sem também brilhar muito na competição, o plantel de Lionel Scaloni tenta o inédito. Os canarinhos nunca perderam uma Copa América de local, ou seja, jogando no Brasil. Foi essa a história em 1919, 1922, 1949, 1989 e 2019.

Voltando ao original Maracazo, a luta foi tremenda e superando tudo e todos, o Uruguai virou o 1 a 0 contra para 2 a 1 a favor. Os guerreiros do paisito tinham perdido tanto aquela final sem jogar que até os dirigentes da Associação Uruguaia de Futebol tinham ido embora antes do jogo. Eram cerca de 200 torcedores visitantes contra 200 mil brasileiros. Alcides Ghiggia calou todos por volta das 16h30. Os condenados resistiram a perder e venceram.

Para a Argentina buscar um possível Maracazo, tem que resistir, dejar todo en la cancha e aproveitar as escassas oportunidades. Se o Uruguai tinha Obdulio Varela para carregar animicamente a Seleção, a Argentina tem um 10 baixinho em campo e outro 10 no céu. É a primeira Copa sem Diego Maradona na Terra. Tudo é possível, até o inédito.

¡Vamos, Argentina!

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