Após vários meses de trabalho para o cultivo e manejo adequado das mudas de espécies nativas, viveiristas de Mariana e Barra Longa afetados pelo rompimento da barragem de Fundão começaram a comercializar uma safra de cerca de 20 mil mudas para a recuperação de nascentes do Alto Rio Doce (MG). As plantas foram adquiridas pela Fundação Renova e enviadas para produtores rurais dos municípios de Coimbra, Ponte Nova e Paula Cândido. Estes recebem pagamentos da Fundação para recuperar nascentes localizadas dentro de suas propriedades.
Além do fomento da economia local, a ação inclui os viveiristas na agenda dos programas compensatórios de reflorestamento e proteção de áreas degradadas, previstos no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) que planeja a recuperação de 5 mil nascentes e o reflorestamento de 40 mil hectares até a foz, no Espírito Santo. Para alcançar a meta será investido R$ 1,5 bilhão.
Consultores da Fundação Renova ministraram treinamentos teórico e prático no envio das plantas ao campo e o armazenamento de transporte, com respeito ás normas sanitárias do momento.
O apoio técnico ocorreu desde a seleção das mudas, passando pela confecção dos rocamboles – pacotes de mudas – e fertirrigação pré-logística, técnica de aplicar fertilizantes via água de irrigação, ainda no viveiro. Cada rocambole é composto de, no mínimo, 15 espécies, totalizando 30 pacotes.
“O projeto pretende integrar os agricultores familiares na cadeia produtiva de sementes e mudas para desenvolver o empreendedorismo no ramo e diversificar a renda dos agricultores. Também estimula a criação de viveiros florestais na região, que carece desse mercado”, afirma Andréia Dias, analista do programa de Uso Sustentável da Terra da Fundação Renova, justificando que o objetivo vai além de adquirir mudas para a recuperação florestal feita pela entidade.
Atualmente, mais de mil hectares de Áreas de Preservação Permanente e áreas de recarga hídrica estão em fase de implantação em Minas Gerais e no Espírito Santo. Estão envolvidas nas ações de restauro florestal mais de 340 propriedades rurais parceiras. Quase 900 nascentes estão em processo de recuperação, com a participação de 325 proprietários rurais.
Apoio técnico e científico
Para a viabilizar o projeto, foi necessária a capacitação dos produtores, feita com apoio técnico da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que colaborou também com pesquisas que viabilizaram a tolerância da planta em solos com rejeitos e manejo a baixo custo.
Foi comprovado que a revegetação emergencial no epicentro do desastre acelerou o aumento da diversidade de microrganismos fixadores de nitrogênio no solo. Devidamente isolados e inoculados no substrato, eles permitem a produção de mudas mais resistentes e de maneira mais rápida.
A presença destes microrganismos melhora o aproveitamento da adubação e otimiza o uso de insumos.