Viveiristas comercializam 20 mil mudas para reflorestamento da bacia do rio Doce

Agricultores de Mariana e Barra Longa passaram a ter oportunidades na produção e comercialização de mudas. Com apoio técnico diversificam a renda e ampliam base econômica nos municípios.
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Após vários meses de trabalho para o cultivo e manejo adequado das mudas de espécies nativas, viveiristas de Mariana e Barra Longa afetados pelo rompimento da barragem de Fundão começaram a comercializar uma safra de cerca de 20 mil mudas para a recuperação de nascentes do Alto Rio Doce (MG). As plantas foram adquiridas pela Fundação Renova e enviadas para produtores rurais dos municípios de Coimbra, Ponte Nova e Paula Cândido. Estes recebem pagamentos da Fundação para recuperar nascentes localizadas dentro de suas propriedades.

Outras atividades correlatas a pequenos produtores impulsionam o desenvolvimento agrícola da região primeiramente atingida.

Além do fomento da economia local, a ação inclui os viveiristas na agenda dos programas compensatórios de reflorestamento e proteção de áreas degradadas, previstos no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) que planeja a recuperação de 5 mil nascentes e o reflorestamento de 40 mil hectares até a foz, no Espírito Santo. Para alcançar a meta será investido R$ 1,5 bilhão.
Consultores da Fundação Renova ministraram treinamentos teórico e prático no envio das plantas ao campo e o armazenamento de transporte, com respeito ás normas sanitárias do momento.
O apoio técnico ocorreu desde a seleção das mudas, passando pela confecção dos rocamboles – pacotes de mudas – e fertirrigação pré-logística, técnica de aplicar fertilizantes via água de irrigação, ainda no viveiro. Cada rocambole é composto de, no mínimo, 15 espécies, totalizando 30 pacotes.

Os quatro viveiros venderam 7.200 plantas na primeira remessa, realizada no último mês de dezembro. Já a segunda, feita nos dias 13 e 14 de janeiro, foram expedidas 7.740 unidades. Está previsto para março o envio de mais 5 mil mudas, também para a região do Alto Rio Doce.

“O projeto pretende integrar os agricultores familiares na cadeia produtiva de sementes e mudas para desenvolver o empreendedorismo no ramo e diversificar a renda dos agricultores. Também estimula a criação de viveiros florestais na região, que carece desse mercado”, afirma Andréia Dias, analista do programa de Uso Sustentável da Terra da Fundação Renova, justificando que o objetivo vai além de adquirir mudas para a recuperação florestal feita pela entidade.

Atualmente, mais de mil hectares de Áreas de Preservação Permanente e áreas de recarga hídrica estão em fase de implantação em Minas Gerais e no Espírito Santo. Estão envolvidas nas ações de restauro florestal mais de 340 propriedades rurais parceiras. Quase 900 nascentes estão em processo de recuperação, com a participação de 325 proprietários rurais.


Apoio técnico e científico

A estruturação das unidades viveiristas e o fomento econômico local fazem parte do programa Ater Viveiros Familiares, criado pela Fundação Renova. A ação foi realizada dentro de propriedades rurais atingidas, localizadas em Mariana e Barra Longa.


Para a viabilizar o projeto, foi necessária a capacitação dos produtores, feita com apoio técnico da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que colaborou também com pesquisas que viabilizaram a tolerância da planta em solos com rejeitos e manejo a baixo custo.
Foi comprovado que a revegetação emergencial no epicentro do desastre acelerou o aumento da diversidade de microrganismos fixadores de nitrogênio no solo. Devidamente isolados e inoculados no substrato, eles permitem a produção de mudas mais resistentes e de maneira mais rápida.
A presença destes microrganismos melhora o aproveitamento da adubação e otimiza o uso de insumos.

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