Com o intuito de recordar a marcante visita dos poetas e intelectuais modernistas a Ouro Preto, a Transvê Poesias e a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo lançam a campanha “Uai, turista, escreve um poema sobre Ouro Preto!”.
Esta iniciativa faz parte do projeto “Patrimônio trans(bordado) em poesia”, que tem como objetivo relembrar o centenário da viagem dos modernistas à cidade, durante a Semana Santa de 1924, e celebrar os dez anos da Transvê Poesias.
A visita dos modernistas foi fundamental para estabelecer as bases institucionais para a implementação de políticas públicas de preservação no Brasil.
As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até o dia 12 de maio.
Serão selecionados 50 poemas de turistas para compor a coletânea “Ouro Preto: patrimônio e percepções poéticas”, que também incluirá poesias de estudantes e poetas locais.
A coletânea será publicada digital e fisicamente, sendo distribuída gratuitamente em todas as escolas da cidade.
A Prefeitura de Ouro Preto, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, disponibilizará o link para o formulário de inscrição digital e físico em hotéis, pousadas, restaurantes e pontos turísticos do município.
Poesia e patrimônio: a relevância da visita dos modernistas
Ouro Preto é um verdadeiro tesouro a céu aberto, repleto de obras de grandes artistas como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde.
Durante muito tempo, essas preciosidades artísticas foram negligenciadas, até que uma viagem de um grupo de intelectuais modernistas à cidade foi crucial para o surgimento do Serviço Nacional de Preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro, atualmente conhecido como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
A criação do SPHAN não foi um evento isolado, mas sim parte de um conjunto de ações políticas voltadas para a construção simbólica da identidade nacional.
A viagem dos modernistas, realizada durante a Semana Santa de 1924, contou com a presença de figuras como os poetas Mário de Andrade e Oswald de Andrade, a pintora Tarsila do Amaral, a fazendeira Olívia Guedes Penteado, o escritor e mecenas Paulo Prado e o poeta franco-suíço Blaise Cendrars.
O objetivo do grupo era explorar as raízes da arte brasileira em uma jornada que chamaram de “a descoberta do Brasil”.
Em 1980, Ouro Preto foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, tornando-se a primeira cidade brasileira a receber esse título prestigioso.