Representantes de pais de alunos, professores e diretores da Escola Estadual Doutor Gomes Freire foram informados nesta quarta-feira (16) de que a unidade não sofrerá alterações em seu atendimento para 2021, ficando mantida a oferta de vagas para todas as séries dos anos iniciais do ensino fundamental.
A garantia chegou à Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) por meio de ofício da Secretaria de Estado de Educação (SEE), divulgado à comunidade escolar pela deputada Beatriz Cerqueira (PT) durante audiência pública para debater a possível municipalização da escola, sem que tenha havido diálogo com a comunidade.
“Conseguimos cumprir o objetivo de defesa dos interesses da comunidade escolar, e isso não é só por causa do trabalho da comissão, mas da importância da escola”, avaliou a parlamentar, que preside a comissão e foi quem pediu a audiência. “É emocionante ver como profissionais defendem a escola. Não se pode fazer política de educação sem a escuta da comunidade”, frisou ainda.
Apesar do ofício do governo, Beatriz Cerqueira e vários dos convidados para a reunião defenderam que a vigilância continue. “Estamos falando de um serviço público. As famílias têm o direito de escolher onde seus filhos vão estudar e queremos que as séries iniciais continuem de forma permanente”, cobrou Luciana de Oliveira, professora e mãe de aluno da escola.
Maior transparência
Luciana foi uma das que destacou a necessidade de a comunidade continuar atenta, ao denunciar que as duas outras escolas estaduais que existiam no município, além da Doutor Gomes Freire, já teriam sido municipalizadas, apesar das negativas de autoridades de que isso poderia ocorrer.
Ela relatou que a primeira foi a Escola Estadual Dom Benevides, que vinha fechando turmas ano a ano, até deixar de ofertar as séries iniciais. “No ano passado começaram os buchichos de que o mesmo seria feito com a outra escola, a Professora Santa Godoy. O secretário municipal disse que não tinha interesse na municipalização e a Superintendência de Ensino do Estado disse que não sabia de nada. O mesmo está acontecendo conosco agora”, alertou ela.
“Isso é um jogo de empurra, que no final se concretiza sem a participação da comunidade, num processo traumático que nos sonda o tempo todo”, endossou a coordenadora da Subsede Ouro Preto do Sind-UTE, Rosane Maria Gonçalves.
Foi ela quem expôs à comissão os riscos de que a municipalização poderia ocorrer com a Doutor Freires Gomes sem consulta à comunidade, motivando a audiência. “Queremos a escola por mais um século, e não só em 2021”, também disse ela, reivindicando maior transparência das Superintendências Regionais de Ensino do Estado quanto a situações como esta.
Fantasma que ronda, apontam educadores sobre fim de turmas
Quem também falou do clima de incerteza que tem afetado a escola foi a diretora da unidade Renata Coelho Correia. “A possibilidade de não se ter mais a escola tem assustado bastante a comunidade”, registrou ela, informando que a maior parte do quadro de pessoal da instituição é formada por efetivos, que hoje são 30.
“Somos uma escola tradicional e conhecida por sua história e trabalho na cidade. Temos uma comunidade ativa e participativa, que tem amor pela escola e que luta por ela. Temos também um trabalho de inclusão e um Ideb de excelência”, pontuou sobre o Índice de Avaliação da Educação Básica.
Além de tradicional, a escola ainda se destacaria por ser organizada, acolhedora e unida, conforme repetido ao longo das falas em defesa da Doutor Gomes Freire. Integrante do Colegiado Escolar, Antônio Carlos Primo também marcou posição contrária à municipalização e dedicou sua fala especialmente aos professores.
“Em nome dos pais, estamos aqui também para celebrar os grandes educadores da escola e defender que todos os governantes primeiro conheçam as escolas, e não simplesmente venham querer fazer as coisas sem saber”.
Emoção
A professora Valéria Carvalho disse atuar no Estado há 24 anos, estando há cinco na Escola Estadual Doutor Gomes Freire. “Formamos uma família. O fantasma da municipalização já mexe com o emocional de todos os trabalhadores e pais. Em meio a uma pandemia então, quando as emoções ficam mais afloradas, receber uma notícia dessa é avassalador”, desafabou ela sobre a possibilidade de a municipalização ocorrer até o anúncio em contrário nesta quarta (16).
Já a supervisora Maria da Conceição Alves e Silva ingressou na escola este ano, mas destacou que já acompanhava o trabalho da unidade como analista na Superintendência Regional de Ensino. “Os alunos são permanentes, entram e seguem, sem rotatividade. É preciso diálogo para não desfazer tudo o que já fizemos”, apoiou ela.
*ALMG