O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Antônio Pereira recebeu o Curso de Pigmentação Natural e Pintura nos dias 1º, 2 e 3 de março. A iniciativa foi possível graças a uma parceria firmada entre as secretarias de Agropecuária e Desenvolvimento Social junto à Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Minas Gerais (SENAR MG), e ao Sindicato dos Produtores Rurais de Itabirito e Ouro Preto (SPR).
O Curso de Pigmentação Natural e Pintura, no CRAS, disponibilizou 10 vagas à comunidade, foi conduzido pela instrutora de pigmentação natural e pintura do SENAR Minas, a Marcela da Terra, e contemplou todo o processo de preparo de tintas com base de terra, até a aplicação em paredes. No início, foi destacada a importância de se retomar o uso das tintas naturais, que são sustentáveis e com alto valor cultural, um conhecimento ancestral, desenvolvido ao longo de milênios e passado de geração para geração. Foi feito o estudo da formação e composição dos pigmentos da terra e a coleta do solo em diferentes lugares para obter uma diversidade de cores e texturas. No processo, o material coletado é posto para secar para serem destorroados e peneirados. Em seguida, calcula-se a quantidade de tinta que será produzida considerando a área onde será aplicada e as medidas e proporções determinadas.
Marcela da Terra citou as pesquisas que demonstram que o uso de pigmentos minerais vem desde a formação de Vila Rica, quando as casas eram caiadas de tabatinga (barro branco). Segundo ela, em tempos mais recentes, as terras coloridas de Ouro Preto já foram utilizadas por artistas renomados, como Carlos Vergara, o que reforça que a região tem grande potencial para o desenvolvimento de tintas ecológicas. A instrutora explica que este conhecimento “foi ofuscado pela industrialização e, hoje, adquire notoriedade por se tratar de uma produção limpa, que não causa contaminação dos ambientes e nem traz danos à saúde das pessoas”. Com o máximo aproveitamento de recursos naturais disponíveis localmente e a custo baixo, as pessoas passam a ter autonomia para fazer suas próprias tintas”.
O prefeito Angelo Oswaldo, que visitou o CRAS acompanhado da vice-prefeita, Regina Braga, e do secretário de Desenvolvimento Social, Edvaldo Rocha, lembrou que a região que envolve o distrito de Antônio Pereira possui uma variedade enorme de pigmentos: “No século XVIII e XIX, Ouro Preto tinha uma fábrica de tintas, e é tradição no município o uso dessa técnica”, comentou o prefeito.
Para a coordenadora do CRAS de Antônio Pereira, Rozângela Ramos de Oliveira, a iniciativa foi uma grande oportunidade para se promover uma iniciativa que pode contribuir para geração de renda e para o combate à vulnerabilidade social: “As parcerias que buscamos com empresas e instituições são sempre construtivas, no sentido de sempre trazer oficinas, cursos e palestras”, disse ela.