Contágios e internações por covid-19 seguem em trajetória de crescimento no Brasil. A alta fez com que o MInistério da Saúde recomendasse hoje (14) o uso de máscaras. A pasta seguiu a orientação de estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que já haviam emitido alerta. Os estados estudam o retorno da obrigatoriedade em locais fechados, decisão que pode sair nos próximos dias.
Na última semana, a reportagem da RBA alertou para a elevação da taxa de transmissão (rT) durante o feriado prolongado. Na última quinta-feira (10) o índice era de 1,18, ou seja, cada 100 pessoas contaminadas transmitiam para 118. A expectativa era de que o valor chegasse a 1,35 no feriado. Hoje, o governo do Distrito Federal anunciou o número exato, maior desde o dia 24 de junho.
Embora os casos e internações estejam em elevação, as vacinas seguem cumprindo o importante papel de impedir mortes e o agravamento de muitos casos. Ontem, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) identificou quatro mortes. Hoje, o número registrado foi de 36. Cada vítima representa uma perda irreparável, contudo, o índice de mortalidade está muito abaixo dos registrados antes das vacinas. Em abril de 2021, por exemplo, as mortes ultrapassavam as 3 mil por dia no país.
Mutação no Amazonas
Mesmo com a importância das vacinas evidente dia após dia, o cenário atual demanda cautela. Isso porque o surto atual tem relação com a circulação de novas subvariantes da variante ômicron. A principal delas, BQ.1 vem provocando aumento de internações e mortes em todo o mundo. E hoje, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou uma nova subvariante no estado do Amazonas. Ela foi chamada de BE.9.
Durante os dias mais difíceis da pandemia, o Amazonas foi um dos principais focos mundiais da covid-19. Acredita-se que a variante gama tenha se desenvolvido lá. Entre os principais fatores que levam a isso, o descaso do governo federal com o estado. De acordo com a CPI da Covid, o governo Bolsonaro tratou o surto no estado como “laboratório” para experimentar drogas ineficazes como a cloroquina. O resultado foi o colapso do sistema hospitalar, com pessoas morrendo sem oxigênio.
Ainda é cedo para os cientistas cravarem que a nova subvariante representa um risco maior. Contudo, as linhagens da ômicron vem apresentando maior escape vacinal e grande poder de contágio. “O que ocorre no estado tende a se repetir em outras regiões e pode estar acontecendo novamente”, afirma em nota o pesquisador da Fiocruz Tiago Gräf. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, os casos de covid-19 no estado aumentaram seis vezes de outubro para novembro.
Vacinação e covid
Em todo o país, o número de casos de covid-19 aumentou 120% apenas na última semana. Isso significa um salto de 3,8 mil casos diários para 8,5 mil. As mortes saltaram de uma média diária de 36 para 46, um aumento de 28%.
Cientistas explicam que muitas dessas mortes são de pessoas com os reforços vacinais em atraso. Apenas em São Paulo, estima-se que 9 milhões não tomaram sequer a terceira dose, sendo que a quarta já está disponível para a população adulta.
Então, cabe aos brasileiros estarem em dia com a vacinação. Por outro lado, cientistas cobram que o Ministério da Saúde assine contratos para aquisição de uma vacina mais moderna, chamada de bivalente. Desde setembro, a farmacêutica Pfizer fez pelo menos dois contatos com o governo, sem resposta.