Com apoio em várias frentes, UFMG espera avançar na pesquisa da vacina contra a covid-19

Pesquisadoras do CTVacinas da UFMG, onde está sendo desenvolvido o imunizante Spintec. Parlamentares estaduais, federais e prefeitura de BH repassarão recursos no desenvolvimento da Spintec. Pedro Vilela | Getty Images
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A UFMG precisa de R$ 30 milhões para avançar às etapas 1 e 2 dos testes clínicos da vacina contra a covid-19, a Spintec, desenvolvida no CTVacinas e uma das três mais adiantadas em estudo no país. Nas últimas semanas, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida vem-se reunindo com parlamentares e autoridades de várias instâncias governamentais em busca de apoio financeiro.

“É um trabalho incessante, e, felizmente, a acolhida tem sido a melhor possível. Já conseguimos o apoio de alguns deputados estaduais, e a bancada mineira na Câmara Federal também está empenhada em liberar recursos. Além disso, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio do prefeito Alexandre Kalil, manifestou total apoio e garantiu que contribuirá com recursos para não deixar a pesquisa ser interrompida”,  informa a reitora.

Na próxima quarta feira, dia 14, Sandra Goulart irá à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a convite do presidente da Casa, Agostinho Patrus (PV), e por requerimento da deputada Beatriz Cerqueira (PT), para apresentar estudos em andamento que tratam do desenvolvimento e da produção de vacina contra a covid-19 pela UFMG.  “Todos os apoios e esforços serão necessários”, afirma a reitora, que também acredita que o imunizante será selecionado para receber financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

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Bancada federal

Reitora Sandra Goulart busca apoio e recursos para levar adiante a pesquisa.

Sandra Goulart e a professora Ana Paula Fernades, do CTVacinas, reuniram-se, no último dia 7, com deputados da bancada mineira da Câmara Federal para apresentar os resultados preliminares da pesquisa da UFMG e solicitar suporte financeiro para o prosseguimento dos testes. A candidata vacinal do CTVacinas da UFMG, que está em estágio mais adiantado, conta com financiamento inicial do MCTI e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e precisa de mais recursos para seguir em frente.

O imunizante foi aplicado em camundongos e alcançou efetividade de 100% –todos os animais expostos ao vírus e vacinados sobreviveram. A próxima etapa é o teste em símios e, em seguida, os testes clínicos (em humanos). Os R$ 30 milhões são necessários para a realização das etapas 1 e 2, que antecedem a fase 3, o último estágio dos estudos em humanos. A expectativa dos pesquisadores, caso a UFMG consiga recursos para dar continuidade à pesquisa, é que em 2022 a vacina esteja disponível para produção em escala industrial e posterior campanhas de vacinação da população brasileira.

O encontro com os parlamentares federais foi articulado pelo deputado federal Diego Andrade (PSD), líder da bancada mineira e da maioria na Câmara dos Deputados. “Todos manifestaram apoio à ciência, à pesquisa, ao desenvolvimento de uma vacina com tecnologia totalmente brasileira e se comprometeram a apoiar a iniciativa da UFMG”, disse a reitora Sandra Goulart Almeida.

Diego Andrade avalia que é fundamental que o Brasil tenha uma vacina nacional. “Estou impressionado com o trabalho sério e o nível de tecnologia que temos dentro do CTVacinas da UFMG. No que depender do nosso mandato, haverá sempre o apoio irrestrito para que possamos produzir uma vacina 100% brasileira”, afirmou o parlamentar.

A candidata à vacina da UFMG apresenta resultados animadores, garante a professora Ana Paula Fernandes. “É um imunizante de fácil produção e baixo custo. Os resultados têm demonstrado sua eficácia em relação às novas variantes do coronavírus identificadas no Brasil e no Reino Unido. Se recebermos os recursos, estaremos prontos para fazer os testes clínicos a partir de setembro deste ano”, estima a pesquisadora.

Imunizante do CTVacinas é versátil e de fácil produção

Um dos sete projetos de imunizantes em estudo na UFMG contra a covid-19, a vacina Spintec, do CTVacinas da UFMG, vale-se de uma proteína recombinante como plataforma. Bastante versátil, essa candidata vacinal é tida como de fácil fabricação. A administração é intramuscular, em duas doses.

A pesquisa que deu origem a essa vacina baseou-se na modificação genética da bactéria E.coli, que recebeu pedaços do genoma do Sars-Cov-2 para que fosse possível produzir as duas proteínas que o coronavírus utiliza para infectar as células humanas (S e N). O composto, chamado de “quimera proteica”, é então injetado no corpo humano e induz à resposta imune. O estudo é financiado pelo CNPq e pelo MCTI.

Sandra Goulart informa que a UFMG e a Fundação Ezequiel Dias (Funed) estudam parceria para a fabricação da Spintec após sua aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e conclusão das etapas de testes. Um termo de confidencialidade entre as duas instituições está sendo elaborado, e os detalhes da parceria serão definidos posteriormente.

Os outros seis estudos (quatro no próprio CTVacinas e dois no ICB) recorrem a vetores e plataformas variados, como vírus, adenovírus, DNA, RNA mensageiro e até aos Bacilos Calmette-Guérin (BCG), agentes causadores da tuberculose.

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