A conscientização sobre a violência contra as mulheres precisa chegar às salas de aula e se manter, de forma contínua, na pauta de discussões com crianças e jovens estudantes. Essa foi a tônica da palestra “Conhecimento que transforma: razões para levar a Lei Maria da Penha para as escolas”, apresentada pela especialista em Administração Pública e Gestão de Pessoas, Madu Macedo. “Só assim a realidade atual será vista com espanto no futuro”, sustenta.
Madu foi uma das palestrantes do debate público “15 anos da Lei Maria da Penha: avanços e desafios para assegurar a mulheres e meninas o direito a uma vida sem violência”, realizado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulhe, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A educação de forma lúdica, com informações acessíveis, é a proposta de Madu. Ela trouxe para o debate, inclusive, a cartilha “Lei Maria da Penha em miúdos”, no formato de quadrinhos, fruto de projeto da Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Pouso Alegre (Sul), que ela dirige. “Quando começamos a pesquisa para o material, descobrimos que quase não havia abrigos para receber as mulheres vítimas de violência. A lei nasce num terreno machista e patriarcal, e esse tema tem que chegar aos jovens, que são multiplicadores”, reforça.
Projeto
A deputada Ana Paula Siqueira (Rede), presidenta da comissão, destacou que o Projeto de Lei 99/19, de sua autoria, tramita na ALMG e propõe o ensino de noções básicas da Lei Maria da Penha nas escolas. “O lar é o ambiente mais inseguro para mulheres e meninas”, justificou. Ela salientou a necessidade de divulgação dos outros tipos de violência, que se somam à violência física e podem ser “invisíveis”: psicológica, patrimonial, moral e sexual.
Também a deputada Beatriz Cerqueira (PT) destacou a importância dos professores nessa transformação da realidade pela educação, mas lembrou que as discussões envolvendo gênero têm sido cada vez mais criminalizadas nas escolas. A deputada chamou atenção, ainda, para a violência política contra mulheres, que, na sua visão, acaba por reforçar a violência doméstica. “A nossa ousadia, de estarmos onde queremos, já é um enfrentamento ao sistema”, afirmou.
Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG