Governo de Minas cobra providências da Vale por situação da Barragem Forquilha III

A estrutura da Forquilha III está com o maior nível de emergência desde 2019

Situação é acompanhada de perto pelos orgãos de fiscalização; estrutura está em processo de descaracterização. CBH Rio das Velhas divulga comunicado.
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O Governo de Minas Gerais, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), acompanha de perto a situação da Barragem Forquilha III e, desde 21/3, realizou duas fiscalizações na região, além de estar em contato com a Vale, com auditoria independente e com as defesas civis municipais.

Em 21/3, a Feam recebeu ofício da empresa Vale informando que, no dia 15/3, havia constatado a saída de material pelo dreno interno DP2, localizado em um alteamento a montante dessa barragem.

Assim, no mesmo dia, a Diretoria de Barragens da Feam realizou uma fiscalização na Barragem Forquilha III, que contou com a participação de técnicos desta Fundação e da auditoria independente.
A Barragem Forquilha III está em processo de descaracterização.
Ela é acompanhada também por uma auditoria independente. Atualmente, a barragem já foi descaracterizada em 16%.

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Em relação à anomalia, foi constatada, em campo, a saída de um material com características ferruginosas, junto ao fluxo normal de água do dreno.
Não foram observadas alterações em outro instrumento de monitoramento da barragem, tais como radar e piezômetros.

A Feam ressalta que foi realizada uma filmagem interna do DP-2, onde foi constatado alguns furos na tubulação, que podem estar contribuindo para o evento relatado.
Estudos mais detalhados estão em curso para confirmar essa hipótese. Caso seja confirmada, a Feam cobrará para que a Vale tome as devidas providências para correção.

Zona de Autossalvamento

Diante da anomalia reportada pela Vale, a Defesa Civil Estadual também realizou fiscalização na região, avaliando a Zona de Autossalvamento (ZAS) por meio de um sobrevoo em toda a sua extensão, no último dia 25/3.
Um relatório foi enviado à Vale cobrando o esclarecimento de alguns pontos e solicitando correção de inconsistências identificadas no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).

Também foi determinada que a empresa providencie a constante manutenção de bloqueio e interdição das vias de acesso dentro dos limites da área sujeita à inundação, com observação de que as medidas fossem mantidas até que todos os esclarecimentos sobre o fato de 15/3 sejam reportados.

Além disso, na última quarta-feira (3/4), a Cedec se reuniu com as defesas civis municipais potencialmente afetadas para tratar da situação atual da estrutura, alinhar as ações implementadas e avaliar as medidas adotadas pela empresa até o presente momento.

Mineradora

A Vale informou à Defesa Civil que a ZAS está totalmente evacuada e que um plano detalhado de contingência foi elaborado, com o objetivo de minimizar e conter qualquer possível deslocamento de material, e que aguarda autorização do Ministério Público do Trabalho para sua implementação.

A determinação de evacuar a Zona de Autossalvamento (ZAS) de Forquilha III ocorreu no ano de 2019, quando foi acionado o nível 3 de emergência.

Comunicado do DBH Rio das Velhas


“O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) vem a público externar a sua profunda preocupação com a estabilidade da barragem Forquilha III, na Mina de Fábrica, em Ouro Preto, da mineradora Vale. Uma anomalia em um dreno da estrutura foi identificada ainda no dia 15 de março, vindo somente ontem (04) a público.

Mesmo com representação da mineradora no Plenário do Comitê, Câmaras Técnicas e Subcomitês, o CBH Rio das Velhas foi surpreendido com a informação sobre a anomalia de maneira informal. Assim, de pronto, o Comitê solicitou em caráter de urgência – à Vale e à FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente) – esclarecimentos e informações sobre o fato ocorrido e a situação da barragem, de modo que sejam esclarecidos os riscos em relação à estrutura, as causas, impactos e possíveis danos causados nos cursos d’água a jusante, bem como as medidas de contenção, reparação e mitigação que foram e estão sendo adotadas pela empresa.

Este incidente nos causa grande preocupação, não só quanto aos possíveis impactos na sub-bacia do rio Itabirito, importante afluente do Rio das Velhas, como no restante do curso d’água e sua bacia hidrográfica, em especial em relação à captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) na Estação Bela Fama, em Nova Lima – em caso de algum eventual rompimento de barragem.

Lembramos que esta captação no Rio das Velhas ocorre a fio d’água, sem reservação e que, portanto, qualquer incidente seria devastador e com impactos catastróficos à segurança hídrica de toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)”.

Foto: You Tube

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