Orquestra Ouro Preto retoma Núcleo de Apoio a Bandas com método de ensino virtual em cinco estados brasileiros

Projeto propõe estabelecer diálogo, trocar experiências e sugerir caminhos para preservação das tradicionais bandas musicais.
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dos verdadeiros tesouros da cultura nacional, as tradicionais bandas de música, têm sido valorizadas de maneira especial pela Orquestra Ouro Preto. Desde 2017, o Núcleo de Apoio a Bandas oferece reforço técnico e pedagógico para que a história e a tradição dessas corporações musicais não sejam esquecidas. Sob a coordenação do músico João Paulo Moreira e do Maestro Rodrigo Toffolo, são oferecidas atividades práticas e teóricas gratuitas em consultorias, oficinas e palestras.

Este ano, esse aprendizado coletivo rompe mais uma vez as montanhas de Minas e retoma suas atividades no dia 22 de maio, no formato virtual. Os regentes das mais de 20 bandas musicais que integram o projeto receberão aulas e orientações semanais no formato on-line. “Em função da pandemia, tivemos que adaptar e reinventar o jeito de ensinar e fazer música nas corporações musicais, e para manter o processo de aprendizado foi desenvolvido um sistema de ensino a distância simples e eficiente que deu muito certo no ano passado e vamos repetir este ano, incluindo novas disciplinas e ampliando o número de alunos”, destaca o Maestro Rodrigo Toffolo.

Uma das novidades para este ano é que o Núcleo chegará em cinco estados brasileiros. Além de Minas, Espírito Santo, Ceará e Rio Grande do Norte que já participavam do projeto, os músicos e regentes da cidade de Crixás-GO, também passam a integrar o Núcleo, que agora conta com mais de 500 pessoas envolvidas no total.

Outra boa notícia, é a inclusão do Curso de Lutheria. Segundo o coordenador do Núcleo, João Paulo Moreira, essa era uma demanda de muitas das corporações que guardam instrumentos sem utilização ou precisando de reparos. “Um dos princípios do Núcleo é ir ao encontro das necessidades das bandas e o Curso de Lutheria Básica será importante para trazer informações para os músicos sobre como cuidar dos próprios instrumentos e fazer pequenos reparos dentro da própria banda”.

Os cursos são divididos em módulos ao longo do ano, com enfoque na aplicação da metodologia de ensino musical coletivo; orientações básicas de regência para bandas; práticas de ensaio; noções básicas de arranjos musicais e escolha de repertório. Para o regente Flávio José, do distrito de Amarantina-MG, em Ouro Preto, a experiência virtual de aprendizado no ano passado foi bastante positiva. “As aulas ficam gravadas e podemos rever quantas vezes quisermos, para tirar dúvidas. Os professores nos passam um caminho facilitado para que possamos trabalhar com as bandas. Temos feito uma boa reciclagem daquilo que já conhecemos e um aprendizado a mais de temas novos passados toda semana”, avalia.

Desde sua fundação, o Núcleo já capacitou mais de 800 músicos, dentre regentes, professores e instrumentistas que se tornaram replicadores em suas comunidades. A metodologia também abrange crianças que estão iniciando nos instrumentos. Em Brumadinho-MG, o projeto atendeu, em 2019, cerca de 320 crianças.

O Maestro Rodrigo Toffolo se orgulha do caminho que tem percorrido com o Núcleo. “As bandas de música são, talvez, as mais puras guardiãs culturais e sementes para todo um cenário profícuo musical. Temos um orgulho danado do Núcleo de Apoio a Bandas porque chegamos na alma das pessoas, das comunidades. É um processo de contar e fazer que cria uma identidade. É um trabalho muito importante que a Orquestra faz, aprendendo junto com esses músicos, que amam o que fazem”, completa.

Música e História na Tradição Brasileira

Este ano também será ministrado pela primeira vez o curso do musicólogo Maurício Monteiro, “Música e História na Tradição Brasileira”. Segundo o pesquisador, a proposta é fazer uma incursão pelas tradições sonoras do Brasil desde as primeiras práticas musicais no período colonial até culminar com a formação e atuação das bandas municipais. “Na segunda metade do século XIX as bandas municipais passam a ser oficializadas e um novo repertório surge com os dobrados, as marchas, o passo-double etc.; além é claro, dessas bandas tocarem ritmos tipicamente brasileiros, como o maxixe, o coco e o lundu. No século XX essa tradição já foi incorporada na vida cotidiana do Brasil e praticamente em todo município existe uma banda de música”, destacou. Ainda segundo o musicólogo, as bandas são fundamentais nessas comunidades. “Onde há uma festa, uma comemoração, um momento de pesar, uma manifestação coletiva, a banda estará lá, colocando sua música como um sinal de vida”, completou.

Além de sua importância artística e cultural, as bandas são também ferramentas de cidadania e interação social em muitas comunidades. Em Minas Gerais, a importância dessas tradicionais formações alçou seus saberes e fazeres a Patrimônio Imaterial do estado. Por meio do Núcleo de Apoio a Bandas, a Orquestra propõe estabelecer um diálogo com esses fazeres tradicionais, trocar experiências e sugerir caminhos para a sua preservação.

Foto: Íris Zanetti

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