Prefeitura de São Paulo vai processar Enel por falta de energia

Mais de 30 mil seguem sem serviço cinco dias após as fortes chuvas

Pelo menos 2,1 milhões de pessoas atendidas pela Enel, que é privada, foram impactadas pelo apagão após o temporal.
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Com pelo menos 30 mil pessoas sem energia elétrica após quase seis dias, a Prefeitura de São Paulo informou nesta quarta-feira (8) que vai acionar a Justiça contra a Enel.
A empresa é responsável pelo serviço na capital e em outras 23 cidades da Região Metropolitana.
No último fim de semana, fortes temporais atingiram os municípios e oito pessoas morreram.
Os ventos de até 100 km/h arrancaram árvores e deixaram um rastro de destruição na região, que tem quase 21 milhões de habitantes.
Porém, quase uma semana já se passou e milhares de consumidores seguem sem o fornecimento de energia.
Na terça (7), o presidente da empresa, Nicola Cotugno, disse que a empresa não devia desculpas aos consumidores, já que as tempestades foram “absurdas”.

Justificativas do Presidente da Aneel, Nicola Cotugno, causaram mais indignação nos consumidores afetados em São Paulo


Pelo menos 2,1 milhões de pessoas atendidas pela Enel, que é privada, foram impactadas pelo apagão após o temporal.
A empresa havia prometido restabelecer o serviço para toda a população até ontem, mas não conseguiu cumprir o prazo.
Além de ingressar com uma ação civil pública por descumprimento do acordo e de outras normas legais, a Prefeitura disse que notificou o Procon e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para tomar medidas contra a companhia.

Privatização


O fornecimento de luz na Região Metropolitana de São Paulo foi privatizado em 2018.

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Naquele ano, 70% da extinta Eletropaulo foi comprada pela italiana Enel por R$ 5,5 bilhões.
Com isso, a multinacional passou a ser líder no setor de distribuição de energia no Brasil.
Dados da Aneel mostravam que em novembro do mesmo ano, em 2018, a média de atendimento a emergências era de seis horas.
Já em abril deste ano, o indicador já superava 13 horas, o que mostrou a piora do serviço.
Com relação ao temporal, a última declaração da empresa nas redes sociais ocorreu na terça, quando garantiu que as equipes trabalhavam “de forma incansável, com determinação e comprometimento, nas diversas linhas de frente para atender a todos os clientes em São Paulo”.
Porém, as críticas de usuários foram imensas: um disse que percorreu por mais de uma hora a Zona Leste da capital, uma das mais afetadas, e não viu nenhum funcionário da Enel, enquanto uma moradora alegou ter perdido toda a comida que estava na geladeira.


Indenização ao consumidor


A concessionária chegou a se reunir com o Ministério Público de São Paulo, quando foi proposto um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).


A proposta do órgão é de que os consumidores que ficaram sem energia elétrica sejam indenizados em todo o estado paulista.
O prazo para a resposta da empresa é de 15 dias.
Na zona sul de São Paulo, o tempo elevado sem energia elétrica fez moradores bloquearem vias como a avenida Giovanni Gronchi, quando colocaram fogo em objetos.
Já integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fizeram uma manifestação próximo ao prédio da companhia, no luxuoso bairro do Morumbi.
A revolta com a atuação da Enel frente à situação de emergência fez o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (Republicanos), apagar a luz da sala em que se reunia com diretores da empresa.
O objetivo foi mostrar aos executivos como é chegar em casa e não ter energia elétrica. A cidade foi uma das mais afetadas.

Foto: Rosana Rosa/Abr/Redes Sociais

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