O presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje a anexação à Rússia de quatro regiões ucranianas ocupadas por seu exército e afirmou que seus habitantes “serão nossos cidadãos para sempre”.
Paralelamente, os dirigentes dos 27 países da União Europeia (UE) rejeitaram e condenaram , através de uma declaração conjunta, “de forma inequívoca” a “anexação ilegal” das quatro regiões do leste da Ucrânia.
Em um passo anterior à incorporação, o presidente assinou vários decretos na noite de quinta-feira reconhecendo “a soberania do Estado e a independência” de Kherson e Zaporizhia.
Em fevereiro, pouco antes da invasão da Ucrânia, o presidente havia reconhecido a independência das autoproclamadas repúblicas de Lugansk e Donetsk, controladas por separatistas pró-Rússia desde 2014.
O procedimento é semelhante ao aplicado em 2014 para a anexação da Crimeia , uma península no sul da Ucrânia que não foi reconhecida pela comunidade internacional.
Vários funcionários e comentaristas russos afirmaram que, uma vez que essas áreas sejam anexadas, Moscou poderá usar armas nucleares para “defendê-las”.
“É claro que usaremos todos os meios à nossa disposição para proteger a Rússia”, disse Putin na semana passada.
A Ucrânia respondeu solicitando mais ajuda militar de seus aliados para continuar sua contra-ofensiva e indicou que não reconhecerá essa decisão.
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky convocou uma reunião de emergência de seu Conselho de Segurança para esta sexta-feira.
Os seus parceiros ocidentais e também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apontaram a ilegalidade da anexação. Até a China, próxima a Moscou, pediu respeito à “integridade territorial”.
“Qualquer decisão de prosseguir com a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia não terá valor legal e merece ser condenada”, disse Guterres.
Por seu lado, a primeira-ministra britânica, Liz Truss, assegurou que o Reino Unido nunca aceitará as anexações.
“Faremos o que for necessário para que (a Rússia) perca esta guerra ilegal”, disse o primeiro-ministro britânico, que também acusou Putin de agir em violação do direito internacional com “claro desrespeito à vida do povo ucraniano que ele afirma representar”.
Enquanto isso, o Conselho de Segurança da ONU deve se pronunciar sobre uma resolução condenando os referendos que, no entanto, não prosperarão devido ao poder de veto da Rússia neste órgão.
Foto: Arquivo AFP