Vírus misterioso é descoberto por cientistas na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte

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Pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Universidade Aix-Marseille, na França, encontraram em território mineiro um vírus misterioso, cujo genoma parece ser completamente novo para a ciência. O estudo foi publicado nesta segunda-feira (10) no periódico científico bioRxiv

Chamado de Yaravirus brasiliensis, o micro-organismo é do grupo das amebas e foi achado em amostras de água barrenta na região da lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte.

O Yaravírus não é representado por uma partícula enorme e um genoma (informação genética) complexo. Contudo, o grande número de genes ainda misteriosos chama atenção dos cientistas, que alertam para a importância de se estudar mais sobre os vírus.

Mais de 90% dos genes desse vírus nunca haviam sido descritos. Somente seis genes tinham semelhança distante com outros vírus já conhecidos e documentados em bancos de dados públicos.

De acordo com o estudo, o vírus pode ser a primeira Acanthamoeba spp. isolada fora do grupo dos vírus nucleocitoplasmáticos de DNA grande (NCLDV). Trata-se de um protozoário normalmente encontrado em lagos, piscinas e água de torneira.

“Seguindo os atuais protocolos metagenômicos para detecção viral, o Yaravirus nem seria reconhecido como um agente viral”, observaram os pesquisadores.

Sem pânico

Um dos responsáveis pelo estudo, o cientista Jonatas Abrahão, é vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB) do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O pesquisador ressalta que o novo vírus não significa perigo à população. “Não representa nenhum risco. Absolutamente não infecta nenhum tipo de vertebrado, incluindo o ser humano. Até aonde a gente sabe, é um vírus exclusivamente de ameba”, ressalta Jônatas.

Questionado sobre os possíveis desdobramentos da pesquisa a partir de agora, Jônatas foi bem direto. “Sendo bem sincero, a gente teve um corte enorme de verbas para pesquisa aqui na UFMG e no Brasil inteiro. Então, o próximo passo é realmente buscar apoio de instituições públicas e privadas para continuar estudando este vírus e extrair dele, desses genes, que são completamente novos, alguma coisa que seja útil para a humanidade ou para interesses humanos ou biotecnológicos”, finalizou.

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