Será verdade? Vale é acusada de fraude fiscal e pode ter lesado cidades da região

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Uma notícia publicada no dia da mentira no site Uol, em matéria de Eduardo Militão, parece mentira, mas…tem todos os ingredientes para ser verdade, conforme observadores e conhecedores de alguns bastidores da mineração em Minas Gerais, pesquisados nesta segunda-feira (01).

Segundo eles, o ineficiente acompanhamento da produção, transporte e tributação, produz todas as condições para “manobras”  que procuram extrair o máximo e ao menor custo, visando sempre os dividendos dos acionistas, primeira das políticas da Vale.

Eles afirmam que outra ação,  de mais longa data,  se apurada, demonstrará que o prejuízo para as cidades mineradoras  é de “grande monta”.

Por isso, concentraram suas preocupações quanto aos valores dos “possíveis” prejuízos causados aos recolhimentos da Contribuição Financeira sobre Extração Mineral –CFEM-, para Mariana, Ouro Preto e toda a região.

E não se esqueceram das tratativas para empurrar com a barriga as discussões sobre fiscalização do recolhimento desta compensação, por longo período.

Lembraram os pontos de vista e ações que nortearam o comando da Vale no período da presidência de Roger Agnelli, quando a empresa abriu o escritório na Suíça, e mandou construir  super navios pelas bandas do Oriente.

Depois vendidos.

Mas, no fundo, será verdade???

Veja abaixo a matéria do UOL

( Vale faz venda fake à Suíça e deixa de pagar bilhões em impostos no Brasil  

Um estudo do IJF (Instituto de Justiça Fiscal), organização formada por economistas e auditores da Receita Federal, mostra que a mineradora Vale usou uma manobra comercial para deixar de pagar pelo menos R$ 23 bilhões em impostos nas exportações de minério de ferro entre 2009 e 2015. Dois anos depois da análise do instituto, investigadores da Receita Federal contaram ao UOL que a companhia está na mira dos fiscais. O valor sonegado pela empresa é duas vezes maior que o confiscado nas contas da Vale depois da tragédia com barragem em Brumadinho.

Tragédia de Brumadinho reacendeu discussão sobre ações da Vale na mineração. Foto:Gaspar Nóbrega SOSMA

A manobra fiscal usa a Suíça como entreposto das empresas. Do Brasil, a mineradora embarca minério de ferro para China e Japão, os maiores consumidores do produto. A venda da carga destinada à Ásia é feita com um preço abaixo do mercado para o escritório que a própria Vale abriu na Suíça em 2006, em Saint-Prex. O escritório suíço revende a mercadoria com o valor correto aos asiáticos. Os navios não entram na Suíça, que sequer tem contato com o mar. Como declara um valor menor, a Vale paga menos impostos no Brasil e economiza no mínimo, US$ 6,2 bilhões (aproximadamente R$ 23 bilhões), de acordo com o IJF. O valor se refere apenas ao Imposto de Renda e à CSLL (Contribuição Social  sobre Lucro Líquido).

Um investigador da Receita, que pediu para não ser identificado, avaliou o caso como “fraude”.

A Vale nega: “As operações com empresas controladas baseadas no exterior são previstas em lei, regulamentadas e fiscalizadas”, afirmou a assessoria da mineradora.

Para o economista Dão Real Pereira, diretor de Relações Institucionais da ONG, a situação chama a atenção em tempos de tragédias socioambientais como as de Brumadinho e Mariana.

Lições sobre Bento Rodrigues e bacia do Rio Doce não nortearam ações da Vale pós-tragédias
Foto: Antônio Cruz ABr

Receita quer rever fiscalização

 Depois do estudo do IJF e de outras análises sobre “fuga de capitais”, em 23 de dezembro passado a Receita anunciou um plano de fiscalização especial sobre triangulação de exportações agrícolas e de mineração. As mineradoras são as principais responsáveis pelos rombos identificados pelo Fisco, segundo fonte do caso contou ao UOL. O investigador afirmou que chama a atenção a posição de intermediário do escritório da Vale na Suíça no meio da venda. “Todo planejamento tributário abusivo é fraude”, explicou.

Não é só a Vale que possui subsidiárias no exterior. Outras grandes mineradoras exportadoras têm a mesma prática, segundo levantamento do UOL com base em balanços das empresas. Segundo o diretor de Relações Institucionais do IJF, não é possível dizer se essas empresas praticam triangulação financeira para sonegar impostos. No entanto, ele defende investigação dessas firmas para se descobrir se há irregularidades.

Parlamentares suíços pediram explicações

Na Suíça, um grupo de parlamentares de Vaud, o equivalente a um estado no Brasil, fez uma moção pedindo esclarecimentos ao governo sobre benefícios fiscais à Vale depois da tragédia de Brumadinho. “Vendo esta sucessão de desastres, podemos imaginar que a empresa tem feito de tudo para evitar isso [o respeito aos direitos humanos, ao meio ambiente e ao pagamento justo de impostos]”, afirmou ao UOL Vassilis Venizelos, uma espécia de deputado estadual da região e que integra o grupo. “A busca por ‘lucro a qualquer preço’ às vezes leva a negligenciar certos riscos.” O grupo de parlamentares ainda aguarda respostas das autoridades suíças.

Vale diz estar em situação regular

 A reportagem solicitou uma entrevista com representantes da Vale, mas a empresa enviou uma nota por escrito. A mineradora afirmou à reportagem que mantém uma “empresa trading” na Suíça para atender os mercados asiático e europeu.

O escritório foi aberto em 2006

Até 2014, a Suíça era considerada um “paraíso fiscal”, local com negócios facilitados e cobrança mínima de impostos. Apesar das dívidas da Samarco, a Vale disse não possuir pendências. “A Vale informa que está em situação regular perante a Receita Federal, comprovada por suas certidões de regularidade fiscal.”)

Da Redação com informações do UOL, em matéria assinada por Eduardo Militão: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/01/triangulacao-vale-minerio-ferro-confiscos-brumadinho-suica-china.htm

Foto Capa: Valemar

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