O professor Daniel Clark Orey, do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática (Deema) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ampliou a relação da Universidade com o Nepal, participando de uma série de eventos entre 6 a 17 de novembro.
Professor da UFOP desde 2005, Daniel Orey busca ideias, procedimentos e práticas matemáticas distintas das da academia trabalhando, principalmente, em adicionar aspectos culturais dentro da sala de aula a partir de pesquisas realizadas com feirantes, em comunidades periféricas na região metropolitana de Belo Horizonte e com a produção cafeeira na Zona da Mata Mineira. Ele desenvolve também o projeto Trilha da Matemática em Ouro Preto.
“Esses estudos mostram que o processo de ensino e aprendizagem em Matemática está além da sala de aula, pois está vinculado à vivência social e cultural dos alunos”, enfatiza Daniel.
Esse processo é chamado de etnomodelagem e etnomatemática, campos de estudo em que o professor é especialista com reconhecimento internacional, motivo pelo qual foi convidado a participar dos eventos. Além de possuir vários artigos e livros publicados sobre o assunto, Daniel Orey participou do projeto Fulbright Senior Specialist no Nepal, que tem como objetivo ampliar o entendimento internacional entre acadêmicos.
Na viagem, o docente se reuniu com o professor Hridaya Ratna Bajracharya, reitor da Lumbini Buddhist University (BU), para debater possibilidades de intercâmbios entre alunos e professores da UFOP e da BU. Além da mobilidade, Daniel também buscou um trabalho colaborativo entre professores e monges das universidades.
“O trabalho colaborativo proposto será realizado como desenvolvimento profissional de professores/monges de acordo com uma postura etnomatemática, que visa valorizar o conhecimento matemático védico-budista, com respeito à diversidade linguística, religiosa, científica e sociocultural nos contextos nepalês e brasileiro”, explica.
Ele participou também da inauguração do Nepalese Society for Ethnomathematical Studies (NEmS), sociedade nepalesa de estudos etnomatemáticos, e palestrou sobre o tema no primeiro simpósio nepalês de etnomatemática, ambos na Tribuvan University (TU), para depois palestrar na Kathmandu University (KU). Além das apresentações, o professor Daniel realizou visita técnica nas duas Universidades, que são situadas em Kathmandu, no Nepal.
O professor visitou, ainda, a cidade nepalesa de Lumbini para ministrar um workshop sobre etnomatemática com professores da rede de ensino que participam da Activity Based Instruction (ABI-Nepal), organização nepalesa cujo objetivo é transformar instituições acadêmicas para uma educação de qualidade e diferenciada, preparada para o mercado do século XXI.
TRILHA DA MATEMÁTICA
O projeto envia professores e alunos para fora da sala de aula para criar problemas baseados no que eles encontram no âmbito escolar ou das comunidades. No projeto conduzido pelo professor Daniel, os alunos trabalham em times, documentando as atividades desenvolvidas através de narrativas, fotografias, desenhos e mapas. O objetivo é criar trilhas que comecem e terminem em uma placa localizada em uma das paredes do edifício escolar onde estudam. Em Ouro Preto, as trilhas se estendem pelas ruas das vizinhanças, que contêm paradas em locais específicos, nos quais os alunos encontram exemplos de aplicação da matemática. Cada time elabora um portfólio matemático de trilhas que poderá ser compartilhado com os pais e também com os demais alunos da escola.
Atualmente, participam desse projeto dois professores, dois mestrandos e dois ex-mestrandos, todos do Departamento de Educação Matemática (Deema) da UFOP.
