A Vale divulgou hoje (1º) informações sobre as declarações de estabilidade necessárias para que cada barragem possa ser utilizada em suas operações. De acordo com a mineradora, foram renovadas as declarações de 80 estruturas que tinham validade até ontem (31). Por outro lado, não houve renovação para outras 17.
A declaração de estabilidade é emitida por uma empresa auditora que deve ser contratada pela mineradora. A confiabilidade do documento, porém, passou a ser questionada a partir da tragédia de Brumadinho, quando uma barragem na Mina do Feijão se rompeu causando centenas de mortes.
A estrutura tinha uma declaração válida, emitida pela empresa alemã Tüv Süd, em setembro de 2018. e assinada pelo engenheiro Makoto Namba. Em depoimento no curso da investigação que apura as causas do rompimento, ele disse ter se sentido pressionado por um executivo da Vale para conceder o documento.
Desde então, a Justiça mineira tem atendido diversos pedidos formulados em ações movidas pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para paralisar outras barragens e exigir a contratação de novas auditorias externas para verificar a segurança das estruturas.
De acordo com as informações divulgadas pela Vale, entre as 17 barragens que não tiveram a declaração de estabilidade renovada, estão sete que tiveram recente elevação no nível de segurança para 2.
Centenas de pessoas estão fora de suas residências nas cidades de Nova Lima, Ouro Preto e Barão de Cocais.
Para assegurar a reparação dos prejuízos causados aos moradores que deixaram suas casas, o MPMG tem conseguido decisões favoráveis para bloquear recursos da Vale. Ao todo, estão bloqueados mais de R$ 17 bilhões das contas da Vale, o que inclui ainda as decisões que buscam assegurar recursos para o pagamento das indenizações aos atingidos pela tragédia de Brumadinho.
Na semana passada a Vale anunciou que obteve em 2018, lucro superior a 25 bilhões de reais, cerca de 70 milhões de reais todos os dias!
Interdição
Das 17 barragens que não tiveram suas declarações de estabilidade renovadas, há 10 que ainda não haviam passado por nenhuma alteração recente no nível de segurança. A mineradora informou que elas foram interditadas e passarão agora para nível 1, que não requer evacuação. A retomada das operações nas estruturas está condicionada à realização de estudos complementares e à conclusão de obras de reforço que já estão em andamento.
Segundo a mineradora, a perda das declarações de estabilidade não altera a projeção de vendas de minério de ferro e pelotas divulgadas na semana passada. O volume de vendas de minério de ferro em 2019 está projetado entre 307 e 332 milhões de toneladas.
Veja a situação das 17 barragens sem declaração de estabilidade:
Nível de emergência 3: Barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais; Barragem B3/B4 da Mina de Mar Azul, em Nova Lima; Barragens Forquilha I do Complexo de Fábrica, em Ouro Preto; Barragens Forquilha III do Complexo de Fábrica, em Ouro Preto.
Nível de emergência 2 e zona de autossalvamento evacuada
Barragens Forquilha II do Complexo de Fábrica, Ouro Preto; Barragens Grupo do Complexo de Fábrica, Ouro Preto, Barragem Vargem Grande do Complexo de Vargem Grande, em Nova Lima
Nível de emergência 1
Dique Auxiliar da Barragem 5 da Mina de Águas Claras, Dique B da Mina de Capitão do Mato, Barragem Capitão do Mato da Mina de Capitão do Mato, Barragem Maravilhas II do Complexo de Vargem Grande e Dique Taquaras da Mina de Mar Azul; todas em Nova Lima.
Ainda compõem a lista: Barragem Marés II do Complexo de Fábrica e- Barragem Doutor da Mina de Timbopeba, ambas em Ouro Preto, além das barragens de Campo Grande da Mina de Alegria, em Mariana, Dique 02 do sistema de barragens de Pontal, em Itabira e Barragem VI da Mina do Feijão, em Brumadinho.
Da Redação com informações da ABr
Foto Capa: Antônio Cruz ABr
