A crise entre Bolsonaro e Moro desgastou o governo e o impeachment do presidente passou a ser apoiado pela maioria da população
Carta Capital – Após a demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aumentou e ultrapassou, pela primeira vez, a do ex-presidente Lula (PT). Segundo levantamento feito pela consultoria Atlas Político, divulgado nesta segunda-feira 27, 65% desaprovam o ex-capitão, superando os 60% do petista.
A pesquisa mostrou também que Bolsonaro é mais rejeitado que seu adversário político João Doria (PSDB). O governador de São Paulo possui 50% de rejeição.
Bolsonaro e Doria, que eram aliados nas eleições de 2018, são protagonistas de uma disputa política na pandemia do coronavírus no Brasil. Enquanto o presidente defende o fim do isolamento social, prática indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o tucano lidera um movimento com a maioria dos governadores que defendem a quarentena para combater o avanço da doença.
Jair Bolsonaro tem o maior percentual de rejeição comparado aos demais líderes políticos incluídos na pesquisa. Além de Lula e Doria, também aparecem Luiz Henrique Mandetta, Sergio Moro, Paulo Guedes, Fernando Haddad, Ciro Gomes, Rodrigo Maia e Luciano Huck. Mandetta, ex-ministro da Saúde, aparece com o menor percentual de avaliação negativa: 23%.
A crise política do governo de Bolsonaro se intensificou com a saída de Moro, que ao deixar o cargo acusou o presidente de querer interferir na Polícia Federal para benefício próprio. Esse embate fez com que o apoio à saída do presidente ganhasse a aprovação da maioria da população.
Segundo o levantamento, 54% dos entrevistados apoiam o impeachment de Bolsonaro. Em março, esse número atingia 48%. Além disso, 64% desaprovam o desempenho do capitão e 68% discordam com a demissão do ex-diretor-chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo, o pivô da saída de Moro.
Já a aprovação ao trabalho feito por Bolsonaro se manteve 30%, tendo esse resultado também em outras pesquisas.
Ao anunciar sua saída do ministério, Moro fez um pronunciamento no qual denunciou tentativas de interferência do presidente na Polícia Federal. A acusação aumentou a movimentação política em torno do pedido de impeachment de Bolsonaro, que já possui 24 solicitações aguardando análise na Câmara dos Deputados.