Exposição “Deus lhe pague” segue até dia 04 de março no Museu de Sant’Ana, em Tiradentes

A exposição traz 35 peças históricas originárias de Goiás, Bahia, Mato Grosso e Minas Gerais.

Mais de 30 peças compõem o acervo da mostra e estão sendo exibidas pela primeira vez ao público no Museu de Sant'Ana em Tiradentes;
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Quem nunca deixou uma moeda em frente a uma figura sagrada, seja pedindo proteção ou contribuindo com a própria religiosidade?
Costume tão antigo, os esmoleiros, fazem parte do imaginário popular católico há muitos séculos, e no período barroco não poderia ser diferente.
São esses objetos sacros que fazem parte do acervo da exposição “Deus lhe pague – Esmoleiros do barroco brasileiro”.

Eles estão expostos no Museu de Sant’Ana, na cidade de Tiradentes, até o dia quatro de março, com entrada gratuita.

Com curadoria de Angela Gutierrez, a mostra traz 35 peças históricas originárias de Goiás, Bahia, Mato Grosso e Minas Gerais.
Elas remontam aos séculos XVIII, XIX e XX e são feitas de madeira, ferro, lata e folhas de flandres.

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Segundo a curadora, é justamente a essência rústica e a simplicidade das peças que dão força às histórias por trás desses objetos de fé únicos.
“Cada esmoleiro é uma súplica. Um pedido silencioso, de despojamento e humildade. Só quem pede sabe como é difícil pedir. Pedir é assumir que não se tem, é se dizer em estado de necessidade. Muitas vezes, também se dá o que nem se tem, e a pequena moeda que chegou, com tanta dificuldade, se transforma em uma esmola suada, que ao sair devolve àquele que oferta a sua condição de pedinte. A fé tem esses mistérios”, diz Angela Gutierrez.

Significado

Angelo Oswaldo, profundo conhecedor do tema, explica que a palavra esmola vem do grego, por meio do latim, e significa uma doação caritativa, um óbolo, uma dádiva aos pobres e necessitados.
“Praticada desde sempre e em toda parte, no contexto das desigualdades sociais que se perpetuam na história da humanidade e na angústia do desamparo de estar-no-mundo, une aquele que tem mais ao que tem menos pelo laço da caridade, que é o amor bondoso e benevolente”.
Ainda segundo Angelo, era com os pequenos oratórios atados ao pescoço por tira de couro, ou um porta-paz, que os esmoleiros percorriam diariamente as cidades em busca de “moedas colhidas em salvas ou bacias, guardadas em gavetinhas do oratório de esmolar ou metidas em sacolas, conforme revelam aqueles notáveis documentos iconográficos”.

A exposição “Deus lhe pague – Esmoleiros do barroco brasileiro” fica em cartaz no Museu de Sant’Ana, em Tiradentes, por tempo indeterminado.

Sobre o Museu de Sant’Ana

Instalado na antiga Cadeia Pública da cidade de Tiradentes, o Museu abriga 291 imagens de Sant’Ana.

A santa é protetora dos lares e da família, bem como dos mineradores.
São obras brasileiras, de várias regiões do país, eruditas e populares, dos mais variados estilos e técnicas.

Elas foram produzidas em sua maioria por artistas anônimos, entre os séculos XVII e XIX, em materiais diversos.
Reunidas por Angela Gutierrez ao longo de quatro décadas de buscas e pesquisas, as peças constituem um acervo sem similar no país, agora compartilhado com todos.
Doada ao Patrimônio Público e sob a gestão do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, a coleção impressiona pela beleza, originalidade e relevância.

Foto: Dalila Nascimento e Rafael Motta

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