Vale quer repassar apenas R$ 2 milhões a Barão de Cocais, dá “ducha gelada” e causa indignação

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A Prefeitura de Barão de Cocais, após reunião realizada na manhã desta quinta-feira (04) com o executivo da  Vale, Sérgio Leite,  questionou o valor do apoio financeiro proposto ao município pela Vale.

Para o município, a Vale quer destinar apenas  R$ 2 milhões, parcelados  em três meses.Nesta quarta-feira (3) o governador Romeu Zema e executivos da mineradora, com anuência da AMIG,  assinaram protocolo de repasses de recursos para a Defesa Civil e Polícia Militar e municípios afetados.

Protocolo entre Vale, Governo de Minas e AMIG foi assinado nesta quarta-eira (3) e valores sugeridos para Barão de Cocais como ressarcimento causou frustração e desconforto por não considerar os danos reais ao município que tem 500 desalojados. Foto Renato Cobucci

Na ocasião, a Vale se compromete a prestar auxílio, na forma de doações de caráter emergencial e pontual, em valor ainda a ser definido, após diálogos com cada um dos municípios onde há a atividade minerária afetada pelo rompimento, em aporte financeiro de R$ 100 milhoes.

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 O objetivo seria reduzir impactos sociais e econômicos desse período de transição regulatória da extração mineral e de paralisação temporária das atividades produtoras nestas cidades.


Na ocasião, o governador Zema  afirmou , entre outras coisas, que “ a  prioridade máxima é assegurar que as famílias afetadas sejam amparadas e que os custos do governo estadual e os prejuízos financeiros dos municípios atingidos sejam ressarcidos”.

O diretor executivo da Vale, Luiz Eduardo Osório,  disse na cerimônia de assinatura do protocolo “ que a Vale reconhece que é fundamental ter diálogo transparente com os municípios que estão sofrendo tanto com a perda de arrecadação e que a empresa tem compromisso de repensar o futuro da mineração, uma mineração mais sustentável”.

Para alguns dos municípios atingidos, a promessa soa como momento de palanque.

Prefeito Décio Santos (direita) ouviu proposta de repasse de 2 milhões para ressarcimento pelos danos causados pela Vale, transmitida pelo executivo Sérgio Leite (camisa branca) e ficou estupefato, sem acreditar na insensibilidade e falta de compromisso da empresa.

Em Barão de Cocais, o prefeito Décio dos Santos e assessores, receberam o executivo da Vale, Sérgio Leite, para a apresentação de uma proposta referente ao anúncio do protocolo que destinará  R$ 100 milhões aos dez municípios impactados pela interrupção da atividade mineradora, nesta quinta-feira (04).

E levaram um susto ao receberem a informação de que para Barão de Cocais serão destinados apenas 2 milhões de reais.

Desejo de Justiça

A administração da cidade alega que utilizar como critério de repartição apenas o “quantitativo efetivamente minerado no ano de 2018”, não trará distribuição com base em impactos reais em cada um dos municípios, o que foge completamente a um princípio de justiça.

O prefeito Décio Santos requer agora a realização de uma nova reunião com a Vale.  Ele alega que existe hoje, no município, enorme impacto causado pelo nível 3 de risco da Barragem Sul Superior.

Ele afirma que, além de considerável número de pessoas já evacuadas, quase 500 moradores, há também aproximadamente 9.000 pessoas em zona de salvamento secundário.

Ele pondera que todos os 32.000 cocaienses são afetados pelo cenário de incerteza, angústia, problemas de saúde e perdas por paralisação de atividades e desvalorização nos preços dos imóveis.

Vale não fez manutenção adequada da barragem Sul da Mina de Gongo Soco, o que fez elevar de 2 para 3 o nível de risco de rompimento. Como consequência, acionou sirene de alerta à noite, causou pânico na população e desalojou 500 pessoas na cidade. Prejuízos são incalculáveis e muitos moradores apresentam problemas de saúde e psicológicos.

Assim, continuou  o prefeito Décio: “Sendo Barão de Cocais uma das mais impactadas, a cidade não pode receber apenas dois por cento do valor total a ser repassado aos municípios”.  Ele defendeu ainda que os critérios deveriam levar em conta também a quantidade de habitantes impactados. “Estamos acostumados a lidar com adversidades, então um pouco com Deus é muito, mas apesar de agradecermos a ajuda, não concordamos com essa distribuição”,ressaltou.

A Administração defende que também deveria ser adotado como critério o efetivo sofrimento psicológico causado diretamente à toda população. Além disso, ressaltou que  após a declaração dos níveis de alerta, a cidade perdeu a oportunidade de receber valores de CFEM tanto referente às atividades mineradoras de Gongo Soco (MR Mineração), como das atividades mineradoras na Cava da Divisa (Brucutu).

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