CNJ aponta “gestão caótica” de valores em acordos da Lava Jato

A investigação começou em maio deste ano.

A conclusão está no relatório parcial de inspeção realizada pelo conselho na 13ª Vara de Curitiba, chefiada pelo ex-juiz Sérgio Moro.
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) encontrou indícios de “gestão caótica” no controle de valores oriundos de acordos de delação e leniência firmados na Operação Lava Jato.
A conclusão está no relatório parcial de inspeção realizada pelo conselho na 13ª Vara Federal em Curitiba, que foi chefiada pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro (Pode-PR).
A investigação começou em maio deste ano.
De acordo com o documento, os acordos eram homologados pela vara sem todos os documentos necessários.

Entre eles não havia a apresentação das circunstâncias da celebração e as discussões ocorridas entre as partes.
Os servidores responsáveis pela investigação também afirmam que os acordos poderiam beneficiar o repasse de R$ 2,5 bilhões de recursos desviados da Petrobras para a criação da chamada Fundação Lava Jato.

Ela era gerida pela própria força-tarefa, que foi chefiada pelo ex-procurador Deltan Dallagnol.

“Verificou-se a existência de um possível conluio envolvendo os diversos operadores do sistema de justiça, no sentido de destinar valores e recursos no Brasil, para permitir que a Petrobras pagasse acordos no exterior que retornariam para interesse exclusivo da força-tarefa”, diz o documento.

Ação absurda

A correição cita ainda que os acordos de leniência assinados entre a Lava Jato, a Odebrecht e a Braskem foram assinados sem informações completas e com valores estipulados por autoridades estrangeiras, conduta que foi considerada “absurda” pelos técnicos.

Os procuradores da força tarefa da Lava Jato de Curitiba. Ao centro, Deltan Dallagnol, ex-deputado federal do Podemos-PR. Ele foi cassado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), recentemente.


“Os expedientes de correição externaram que os magistrados atuantes na 13ª Vara Federal de Curitiba se conformavam com a ausência de informações relacionadas, por exemplo, às tratativas realizadas, ao método utilizado para definição de valores e de vítimas, ausência de documentos produzidos pela defesa técnica durante as discussões e tudo mais que fosse necessário para imprimir transparência e viabilizar a avaliação”, conclui o relatório.
O relatório final sobre as irregularidades encontradas na 13ª Vara Federal de Curitiba deve ser analisado neste mês pelo plenário do CNJ.
Uma abertura de investigação contra os juízes e procuradores que trabalharam nas investigações da Lava Jato deve ser proposta pelo Conselho.

As provas obtidas nos acordos de leniência da Odebrecht foram anuladas na semana passada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em função disso, determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) abra investigação contra os agentes públicos que participaram da assinatura dos acordos. Abr

Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ e divulgação Força Tarefa

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